8.1.10

Boris Casoy, Bárbara Gancia e Gari Negro Jobs


Desde o fatídico dia 31/12 ouço os burburinhos sobre o episódio em que nosso digníssimo expoente da mídia burguesa, Boris Casoy, graças a um vazamento de áudio, solta em rede nacional o que pensa sobre os garis da nossa cidade. Como sempre achei o cidadão um grandessíssimo escroto, nem me dei ao trabalho de ver o vídeo.


Daí hoje, lendo o jornal, me deparo com dois textos de pessoas que (peço desculpas pela minha ignorância! E isso não foi uma ironia) eu nunca tinha ouvido falar na minha vida, e que me deixaram curiosa quanto ao fato.


O primeiro era do Gari Negro Jobs, vereador de Goiânia, uma carta publicada no painel do leitor da Folha.


Escrevo tomado pela indignação quanto comportamento do apresentador e jornalista Boris Casoy. Sou gari e vereador da Câmara Municipal de Goiânia e tinha o maior apreço pelo trabalho da estrela do “Jornal da Band”, mas revejo minha posição.


Honestamente, eu não entendo por qual motivo ele tinha o maior apreço pelo trabalho da estrela em questão.


O segundo era um texto completamente cínico da senhora Bárbara Gancia, colunista da (mais uma vez) Folha.


(porque eu acho o Estado muito chato, então, geralmente prefiro ler a Folha)


Chamava:


Sirvam a cabeça do Boris com batatas!


Em destaque:


O colega Boris Casoy está sendo massacrado pela Santa Inquisição do politicamente correto.


E vamos ao texto, que já começa nojento:


Levante a mão quem tem simpatia por gari. Agora levante a mão quem já perdeu tempo conversando com um gari.


Na seqüência ela discorre rapidamente sobre uma tese do sociólogo Fernando Braga da Costa: “Garis – um estudo de psicologia sobre a invisibilidade pública”. Quando eu tinha uns 17 / 18 anos, li uma reportagem que falava sobre esse estudo e achei bem interessante, confesso que não me aprofundei muito, portanto, não tenho como julgar aqui a relevância do mesmo. Mas, basicamente, ele fala sobre o efeito da invisibilidade do uniforme, com ele a pessoa deixa de ser pessoa, e passa a ser gari, sendo ignorado, como se fosse parte da paisagem.


Depois de ler esse estudo, Bárbara nos conta, triunfante, que passou a dar bom dia para os garis e por causa disso, sente-se uma pessoa melhor.


Um simples bom dia custa-me muito pouco – e, se ele pode alterar o estado das relações entre garis e não garis, por que não buscar uma aproximação?


Esclareço também que contribuí com a caixinha de Natal para a limpeza da minha rua e que, ao menos por ora, estou em paz com meus conceitos e preconceitos e relação a garis e lixeiros.


Depois desse imenso gesto de bondade, ela se sente agora com a consciência limpa para defender seu colega Boris Casoy.


Foi infeliz o comentário do apresentador do “Jornal da Band”? Foi. Mas, vem cá: tem alguma relevância? Muda em iota todos os anos de excelentes serviços prestados por Boris Casoy ao jornalismo tapuia? É evidente que não.


De fato, é evidente que não muda em nada todos os anos de excelentes serviços prestados á mídia burguesa.


Chegando em casa, fui atrás do vídeo, e gostaria de finalizar compartilhando meu asco:


"Que merda, dois lixeiros desejando felicidades. .. Do alto das suas vassouras (risos)... Dois lixeiros... (risos). O mais baixo da escala do trabalho"

(Boris Casoy)

Nenhum comentário: